Imagem meramente Ilustrativa |
A
maioria de nós, ou nem tanto assim, Pelo menos uma parte, tenta ao longo da
vida adquirir, acumular e mesmo produzir conhecimento. E eu, apesar de pouco
eficiente nesses termos, sou um desses esforçados procuradores de conhecimento,
e em minhas tortuosas experiências, percebi que o conhecimento é um ditador.
Sim, à medida que nossa abrangência intelectual aumenta nosso desprezo pelos
demais também aumenta. O conhecimento é um governante absolutista ou
autocrático que assume solitariamente o poder sobre nossos atos. Quem nunca
julgou a opinião alheia errônea simplesmente por não concordar, ou pior, não
gostar. O conhecimento se investe de avassaladora autoridade sobre qualquer
pessoa que ela julgue inferior.
Mas essa postagem não é sobre o
conhecimento, ou tão pouco sobre o poder que ela exerce nos despreparados, essa
postagem é justamente sobre o oposto, é sobre burrice, ou melhor, é sobre um
estado que pode ser temporário ou perpétuo, pode surgir repentinamente, ou aos
poucos, podendo provocar diversos sentimentos, pode provocar risos, choros,
raiva etc...
E como o conhecimento é pra mim
um ditador, a burrice é extremamente democrática, não faz distinção entre pobre
e rico, não se preocupa em estar certa ou em impor sua presença. A burrice é
simples e pra existir basta estar viva em alguém. E todo homem tem um pouquinho
guardado pelo menos, guardado em algum lugar, eu guardo a minha em uma caixa,
mas muitas vezes acho que ela mereceria um quarto com cadeado. E a minha
problemática é que vez ou outra ela faz questão de sair, gosta de dar uma
voltinha e exercer toda sua democracia. Mas sempre que percebo sua fuga me
empertigo sob minha ditadora condição e a excluo novamente para o exílio de
sua caixa.
Eu sei que conhecimento,
sabedoria, vicissitudes, burrice ou qualquer outro estereótipo que por ventura
queiram questionar são conceitos difusos e contestáveis, contudo, eu torno a
falar, o conhecimento é um ditador e como tal, pouco se importa com opiniões
embasadas ou não. Agora é claro que o conhecimento como todo bom ditador comete
equívocos, mas até mesmos os equívocos tem seu valor. A medida de nossa vida é
embasada em erros. Esses equívocos não foram em vão, eles não vieram e se foram
sem trazer à luz alguma utilidade, eles ajudam na construção ou na tentativa de
se chegar à verdade, coisa que a burrice não faz.
O que se aprende com os equívocos,
é que eles são derrotas do conhecimento, e como tal devem ser lamentadas, porém
não abandonadas. Não devemos jamais confundir derrota com fracasso nem vitórias
com sucesso. Abandonar o derrotado por um equívoco é esquecer toda a soberania
que o fez chegar aonde chegou.
A burrice não consegue enxergar
além das derrotas, e não percebe que é melhor arriscar coisas grandiosas,
alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com
os pobres de conhecimento que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem
nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.
Não se perde o que nunca se
teve, perder não significa ser inútil, nem tão pouco desnecessário, ser burro
sim significa ser fracassado, e o fracasso não anda ao lado dos que sabem onde
querem chegar. Então quando se sentir perdido depois de um equívoco, não tente
achar a saída, porque para quem não sabe aonde vai qualquer caminho serve.
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