Pesquisar

quarta-feira, 9 de julho de 2014

UMA PENUMBRA CINZENTA

Imagem meramente Ilustrativa
             A maioria de nós, ou nem tanto assim, Pelo menos uma parte, tenta ao longo da vida adquirir, acumular e mesmo produzir conhecimento. E eu, apesar de pouco eficiente nesses termos, sou um desses esforçados procuradores de conhecimento, e em minhas tortuosas experiências, percebi que o conhecimento é um ditador. Sim, à medida que nossa abrangência intelectual aumenta nosso desprezo pelos demais também aumenta. O conhecimento é um governante absolutista ou autocrático que assume solitariamente o poder sobre nossos atos. Quem nunca julgou a opinião alheia errônea simplesmente por não concordar, ou pior, não gostar. O conhecimento se investe de avassaladora autoridade sobre qualquer pessoa que ela julgue inferior.
                Mas essa postagem não é sobre o conhecimento, ou tão pouco sobre o poder que ela exerce nos despreparados, essa postagem é justamente sobre o oposto, é sobre burrice, ou melhor, é sobre um estado que pode ser temporário ou perpétuo, pode surgir repentinamente, ou aos poucos, podendo provocar diversos sentimentos, pode provocar risos, choros, raiva etc...
                E como o conhecimento é pra mim um ditador, a burrice é extremamente democrática, não faz distinção entre pobre e rico, não se preocupa em estar certa ou em impor sua presença. A burrice é simples e pra existir basta estar viva em alguém. E todo homem tem um pouquinho guardado pelo menos, guardado em algum lugar, eu guardo a minha em uma caixa, mas muitas vezes acho que ela mereceria um quarto com cadeado. E a minha problemática é que vez ou outra ela faz questão de sair, gosta de dar uma voltinha e exercer toda sua democracia. Mas sempre que percebo sua fuga me empertigo sob minha ditadora condição e a excluo novamente para o exílio de sua caixa.
               Eu sei que conhecimento, sabedoria, vicissitudes, burrice ou qualquer outro estereótipo que por ventura queiram questionar são conceitos difusos e contestáveis, contudo, eu torno a falar, o conhecimento é um ditador e como tal, pouco se importa com opiniões embasadas ou não. Agora é claro que o conhecimento como todo bom ditador comete equívocos, mas até mesmos os equívocos tem seu valor. A medida de nossa vida é embasada em erros. Esses equívocos não foram em vão, eles não vieram e se foram sem trazer à luz alguma utilidade, eles ajudam na construção ou na tentativa de se chegar à verdade, coisa que a burrice não faz.
                O que se aprende com os equívocos, é que eles são derrotas do conhecimento, e como tal devem ser lamentadas, porém não abandonadas. Não devemos jamais confundir derrota com fracasso nem vitórias com sucesso. Abandonar o derrotado por um equívoco é esquecer toda a soberania que o fez chegar aonde chegou.
                A burrice não consegue enxergar além das derrotas, e não percebe que é melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de conhecimento que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota.

                Não se perde o que nunca se teve, perder não significa ser inútil, nem tão pouco desnecessário, ser burro sim significa ser fracassado, e o fracasso não anda ao lado dos que sabem onde querem chegar. Então quando se sentir perdido depois de um equívoco, não tente achar a saída, porque para quem não sabe aonde vai qualquer caminho serve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário