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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SOMOS TODOS ATEUS

Muito se fala sobre os cristãos, sobre os protestantes, sobre os mulçumanos, Hindus, budistas, enfim, muito se fala sobre os diversos misticismos religiosos. Sem querer me envolver em suas diferenças, gostaria de deixar claro: Não me importo com o "deus" de vocês. O que me importa é minha família, meus amigos, me importo com o planeta e seus habitantes, os seres humanos a vida, me importo em viver. Eu me importo só com o que razoavelmente lógico.  Agora o que me assusta é esse seu fervor religioso que parece uma metralhadora pronta pra matar quem ousar não concordar com vocês. Bem, basta olhar um pouco a história da humanidade, mesmo os fatos mais recentes, e logo vamos ver que essa arma da fé é sempre disparada. E isso pra mim é preocupante.
            Via de regra, a humanidade inteira acredita ser regida por uma força  divina misteriosa, supra terrena e muitas vezes caprichosa, e isso somente pra tentar dar um sentido a vidas vazias sem significado ou propósito. Mas existe alguns, nem tão poucos assim, que não sentem necessidade de teorias místicas para explicar de onde viemos e para onde iremos, existe alguns que não querem saber se as alma viverão em eterno prazer ou sofrimento, baseado lógico no que se fez ou se deixou de fazer nesses pouquíssimos anos terrenos. Esses são os ATEUS, sim, EU SOU ATEU.
            Agora se quiserem me mandar pra um lugar que nem acredito que exista (inferno), podem mandar, como já disse, não me importo com a crença de vocês. Sei que a possibilidade da morte por um fim a maravilhosa vida medíocre nos faz desesperadamente querer ser eternos, mas não somos. Apesar disso, eu procuro respeitar a crença de todo mundo, agora como costumo dizer, respeitar não significa que não vou discordar, e tão pouco vou tolhi meus atos só porque você resolveu passar seus dias olhando pro espaço. Vejam bem, todo mundo acredita em algo ou alguma coisa, e automaticamente, quando você acredita em algo você desacredita em outra, é assim, o mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar.
            Sei que pra vocês adoradores do pós vida é difícil aceitar ou até mesmo entender que alguém possa discordar de sua visão supra terrena, mas, nem vocês próprios se entendem, um não acredita na crença do outro, ora nesse sentido todos somos ateus! Você é ateu quando não acredita no deus do seu desafeto místico, e vice e versa. Ou para um cristão protestante, tem algum sentido a adoração hindu a vaca ou ao elefante? e para um mulçumano tem algum sentido acreditar no poder de uma santa de madeira carcomida de cupim? Acho que não né.
            Já vi cristão dizendo que a crença da dos deus gregos antigos não passava de um amontoado de falsidades e superstições forjados na beira de fogueiras, a própria igreja prega isso. Mas resolvem deliberadamente acreditar que uma mulher casada era virgem e ainda engravidou do espírito santo. Povo de DEUS, vocês já passaram e passam seus dias atribuindo falsidade um a crença do outro, não acham que já tem demais pra fazer? Esqueçam os ateus, via de regra estamos pouco nos importando com o que vocês escolhem acreditar, não me importo com suas ameaças de inferno, o que me preocupa é quando fanáticos covardes resolvem querer impor que todos acreditem em alguma bobagem mística.
            Se você se acha mesmo muito superior só porque recebeu uma iluminação e vai viver eternamente em um paraíso, se você se acha  dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável somente por passar seus dias esperando um mundo melhor depois da morte, parabéns, tem meu total apoio, mas não me peça pra corroborar com seus devaneios pois eu tenho uma vida pra viver e aguardar uma só quando acabar essa não me parece muito certo. Mas tudo isso é só o que cada um acredita, e ninguém precisa se machucar por isso, mas se quiser debater como gente civilizada eu aceito, agora cuidado, vai ver você nem é tão brilhante assim.... 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

NÃO PEÇA PRA ORAR, MAS SE VOCÊ QUISER ORAR, ORE!

Pra quem gosta de escrever, o momento de maior satisfação é saber que tem alguém lendo e gostando do você escreve. Mas o mais satisfatório é saber que existe alguém que quer saber o que você escreveria sobre algo ou alguma coisa, isso é impagável. Sobre os assuntos mais latentes do momento, escolhi não me posicionar, e o porquê é que em alguma medida sou leigo em relações internacionais e em consciência ambiental, logo meu julgamento estaria comprometido. Contudo, como já disse muito me agrada saber que alguém espera ler o que eu falaria, e, portanto, resolvi explicitar meus achismos.

O bom de me manter só observando nesse momento foi ler quase tudo que se apressaram em dizer, e isso que mais me assustou. Acha razoável afirmar que ao contrário dos países da Europa, Oriente Médio, África e Estados Unidos, nós (Brasil) não estamos em guerra, pelo menos não em uma guerra declarada, nossa guerra é institucional, nossa guerra é entre nós mesmos. E mesmo que isso seja tão ruim em números de violência e morte, nosso inimigo se confunde com os que deveriam nos proteger. Nosso povo – na maioria o povo negro – é amputado aos milhares nas áreas saqueadas pela ganância burguesa, o genocídio sofrido é imensamente maior que os números do terror ou de crises ambientais. E isso parece ser um caminho difícil de mudar e para alguns é até difícil de reconhecer.

Mas de repente um grupo extremista mata centenas de inocentes, e os distantes residentes no mundo virtual tentam transformar sua indignação em corrente de apoio às vitimas trocando as fotos de suas redes sociais. Foi o que bastou, para os que não concordam com isso começarem as criticas. Uns criticando porque em Minas tinha uma tragédia e o mundo não se importou. Outros criticam porque a França e todos os países imperialistas seriam os próprios responsáveis pelo terror, quando optaram em fomentar politicas perversas que massacraram o povo mulçumano. Enfim, logo as criticas passaram pra ofensas, e fim de amizades virtuais multiplicaram-se e coisas do tipo mostraram que a intolerância é mais comum do que se imagina.

E, como disse apesar de termos nossa própria guerra, o fato de não ser declarada é nesse aspecto bom. Se vocês são incapazes de aceitar que uma pessoa mude a foto do perfil dela, como que vocês reagiriam se estivéssemos em guerra? E sim, devemos nos compadecer com a dor que acontece dentro de nosso país, mais isso não pode nos cegar diante do que acontece fora. E que só porque o mundo não se compadeceu com a nossa dor, que devemos fazer o mesmo. Principalmente porque se você acha que nossa dor deveria ser sentida por todos, não agir com eles porque não agiram com você é no mínimo egoísmo e mesquinho. Vamos só respeitar a dor de quem quer que seja, e se eu escolher trocar minha foto por Mariana e não por Paris e vice e versa, respeite isso também, são dores diferentes, mas ambas são dores.

Pra mim é simples, não quer mudar a foto não mude, quer demostrar apoio a Mariana e não a Paris, faça também. Mas não queira determinar que todos façam tudo igual a você, é esse o ponto basilar de todo regime totalitarista e extremista. Não concordar é normal, julgar e querer se passar por superior porque pensa diferente é de uma imbecilidade sem igual. Você, suas crenças e opiniões não são nem nunca serão melhores que dos outros, só são diferentes. E diferente é normal.

PS. Mais uma coisa, não me peça pra orar por Mariana, por Paris ou por sei lá o que, até porque não sei se oro pro Deus dos terroristas que segundo eles os mandou matarem, ou se oro pro Deus de Mariana e de todas as vitimas que foi omisso. Não creio que orações ajudem, até porque todo terrorista quando vai se explodir, antes ele ora e pede ajuda. Mas se você quiser orar, ore! Mas eu prefiro procurar uma saída para meus problemas aqui mesmo, e não deixar que seres imaginários de fé resolvam.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO PLURAL É SALUTAR SIM, MAS ISSO NÃO VAI TE EXIMIR DE SER UM IMBECIL

Eu sempre defendi o livre discurso plural, isso pra mim, é o alicerce sem o qual não poderíamos construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Contudo, aprendi com minha anódina trajetória intelectual, que o direito à liberdade de expressão plural é salutar sim, mas que isso não vai te eximir de ser um imbecil. 

Hoje li comentários sobre a política de cotas dando conta de que isso torna o negro, inferior e que querem corrigir um erro que não foi sofrido por eles e sim pelos antepassados, é óbvio que como já disse irei defender sempre teu direito de falar o que quer que seja, por mais imbecil e estupido que seja teu discurso. Mas defendo teu direito de ter esse direito, e isso não é corroborar com as possíveis asneiras que vier a exteriorizar. 

Portanto, deixa eu ser claro, há quem pense que racismo diz respeito somente a ofensas, injúrias e não percebem o quanto vai muito mais além: se trata de um sistema de opressão que privilegia um grupo racial em detrimento de outro. E meus amores, justiça nada tem haver em tratar todos da mesma maneira, pelo contrário, tratar todos da mesma maneira é a maior injustiça que pode ser cometida. E isso fica ainda pior se os que hoje você quer que recebam o mesmo tratamento, foram e são historicamente aleijados dos processos sociais. 

No Brasil, foram 354 anos de escravidão, população negra escravizada trabalhando para enriquecer a branca. No pós-abolição, no processo de industrialização do Brasil, incentivou-se a vinda dos imigrantes europeus pra cá. Muitos inclusive receberam terras do Estado brasileiro, ou seja, foram beneficiados por ação afirmativa para iniciarem suas vidas por aqui. Tiveram acesso a trabalho remunerado e, se hoje a maioria de seus descendentes desfrutam de uma realidade confortável foi porque foram ajudados pelo governo pra isso. Enquanto que os descendentes dos negros foram ainda mais massacrados do que pelo açoite dos chicotes. 

A população negra não se criou mecanismos de inclusão. Das senzalas fomos para as favelas. Se hoje a maioria da população negra é pobre é por conta dessa herança escravocrata e por falta da criação desses mecanismos. É necessário conhecer a história deste País para entender porque certas medidas, como ações afirmativas, são justas e necessárias. Elas precisam existir justamente porque a sociedade é excludente e injusta para com a população negra.

É fácil abrir a boca pra falar em conquistar pelo mérito, mas mesmo o sistema meritocratico pressupõe igualdade de condições, e isso não existe. Uma pessoa branca de classe média, que estudou em boas escolas, come bem, aprende outros idiomas, tem lazer e passa em uma universidade pública, pode se achar o máximo das galáxias, mas na verdade o que ocorre é que ele teve oportunidades na vida pra isso. Qual mérito ele teve? Nenhum. O que ele teve foi condições pra isso.

E se esse tipo de discurso já me deixa consternado quando é de um mero papagaio, fico ainda mais preocupado quando parte de um colega da filosofia ou pior de candidatos ao curso de Especialização de Políticas de Promoção da Igualdade Racial promovido pela UNIFAP. Meu caro, uma dica, pesquise sobre o conceito de equidade aristotélica (sim, de Aristóteles, o filósofo grego): as ações afirmativas também se baseiam nele, que basicamente significa tratar desigualmente os desiguais para se promover a efetiva igualdade. Ou seja, se duas pessoas vivem em situações desiguais, não se pode aplicar o conceito de igualdade abstrata porque concretamente é a desigualdade que se verifica. Aquela pessoa que está em situação de desigualdade precisa de mecanismos que visem o acesso dela à cidadania.

Bem, para mim, o processo histórico da humanidade me oferece argumentos simples, porém suficientes para entender que as cotas, não somente estas, mas todo o processo de políticas de reparação e ações afirmativas envolvendo os negros, são plenamente plausíveis e, assim sendo, merecem o devido respeito e o mínimo de conhecimento histórico, por parte daqueles que pretendem argumentar contra os mesmos. Não alicercem sua razão somente no agora, existe mais, muito mais a ser observado. Gosto da ideia de Hegel da Razão ser a Rosa na Cruz do sofrimento presente. A razão é um conceito absoluto sim, mas em face do passado. Pense nisso e veja que por mais obsoleto e racista que seu discurso possa está sendo, você ainda pode mudá-lo. 

Em relação a pessoas brancas pobres, existem as cotas para quem é oriundo de escolas públicas, as cotas sociais. Mas as raciais também são necessárias porque pessoas brancas, por mais que pobres, possuem mais possibilidades de mobilidade social, uma vez que não enfrentam o racismo. Façam um passeio por um shopping center e vejam a cor dos vendedores e vendedoras, das gerentes. E depois deem uma volta nas favelas e cadeias do Brasil, Negros são os mais pobres entre os pobres e só a cota social não os atinge. Beneficiaria somente pessoas brancas. Cotas raciais porque esse País possui uma dívida histórica para com a população negra. Dizer-se antirracista e ser contra as cotas é, no mínimo, uma contradição cognitiva e, no máximo, racismo.

E todo esse texto foi só pra dar meus parabéns a Deputada Cristina Almeida do PSB/AP, seu projeto de 20% de cotas para negros em concursos públicos no Amapá é sensacional, e hoje a senhora ganhou meu respeito...