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quarta-feira, 29 de julho de 2015

SE SE ISSO NOS MATAR?


Quatro horas da manhã, e já estou há pelo menos quarenta e oito horas acordado, estou cansado, mas o caminho ainda é longo, então tratei que controlar a ansiedade, não me lembro de ter passado outro período tão conturbado, mas vou aproveitar pra criar algo disso tudo, e chegando lá, se tiver sorte, sentirei minha mente e meu corpo aproveitando um bom momento de paz, “estou cansado”, um parágrafo levou uma hora pra ser escrito.

Apesar de achar que penso melhor de pé, em termos quantitativos penso muito mais deitado, a quantidade de pensamento que vive em mim ao deitar me impede de dormir, então levanto, sei que é possível suportar a dor, mas o que fazer com essa dor? Sempre achei que o mundo é feito de prazeres e dores; e para viver nele, é preciso saber buscar o prazer e evitar a dor. Mas evitar a dor não é em certa medida evitar a própria vida? Evitá-la me parece inútil, então procuro entendê-la para melhor lidar com ela.

A dor é uma desordem cognitiva, ela indica que algo está fora do lugar, indica que existe uma desarmonia no corpo, e o modo de perceber e interpretar a si mesmo, simplesmente algo está errado. Mas principalmente significa que é preciso que se tome uma atitude. Logo não posso rejeitar a dor, estou pela primeira vez recebendo-a de peito aberto, porém cauteloso, prudente, aparelhado para ouvir seu recado e aguentar com as incumbências que a dor exige.

“Aquilo que não me mata, me torna mais forte” disse Nietzsche. Essa solução me leva a ter uma correlação com a dor, e nessa perspectiva ela deixa de ser fardo, e começa a ser a dúvida de “será que posso utilizá-la como mecanismo de fortalecimento?”. Submeter-me a dor e tentar fazer dela uma parte da minha força soa bem, mas é veja bem o que Nietz diz, é apenas o que NÃO MATA que te fortalece, se se isso me matar?

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ESSA ONDA “PSEUDONERD”



Há pouco mais de um ano ouvi pela primeira vez um comentário que me comparava a um personagem de uma série norte-americana, fiz pouco caso, os motivos eram que não conhecia a série, o personagem e tão pouco o ator. Contudo, como não foi à única vez que ouvi o comentário, resolvi procurar conhecer a tal série e o dito personagem, até mesmo pra saber se essa comparação era uma ofensa ou um elogio. Assisti alguns episódios da primeira temporada, até dei algumas boas risadas, o que nem é algo muito surpreendente, séries desse tipo sempre usam a mesma fórmula pra nos fazer rir, mas em suma a série é ruim, limitada, repetitiva e cansativa, até divertida, mas não merece o barulho que causa, não pretendo continuar assistindo.
O ponto importante aqui é a tal comparação, e descobri que fui por varias vezes comparado a um personagem arrogante, mal humorado, dependente, chato, mal vestido, estereotipado, alguém sem a mínima noção de polidez no tratar as pessoas, um personagem que passa a vida se autodeclarando como um ser superior, rebaixando tudo e todos, e com profunda dificuldade de se relacionar socialmente. Sim essa foi à única leitura que fiz de Sheldon Cooper (Jim Parsons), de ‘The Big Bang Theory’. Lógico que tem o fato de ele ser um cientista inteligentíssimo, mas algo me diz que não eram sobre isso as comparações, apesar de acreditar que sou um homem de protuberância intelectual razoável, estou bem longe de ser um Doutor cientista. E outra, não sou viciado em games, Física e ‘Star Trek’, estou bem longe dessa figura alienada e deturpada do NERD moderno.
Digo NERD moderno, porque sempre acreditei que o NERD era um termo que descrevia, de forma estereotipada, muitas vezes até com conotação depreciativa, as pessoas que exercem intensas atividades intelectuais, que são consideradas precoces para a sua idade, em detrimento de outras atividades mais populares, por exemplo. Já hoje nada mais popular do que ser NERD, qualquer um é NERD. Se você lê revistas em quadrinho você é NERD, se você coleciona aqueles bonecos supercaros você é NERD, se você assiste blockbuster você é NERD, se você assiste desenhos japoneses você é NERD, e o pior de todos, se você assiste The Big Bang Theory você é NERD.
Sim o tal personagem Sheldon é um NERD, mas posso afirmar que não é pelo fato de ele fazer isso tudo, e sim porque ele é um Doutor Cientista inteligentíssimo. Sou defensor que cada um acredita no que quiser, mas gente acreditar que você é um ser de inteligência superior não vai necessariamente te tornar um. O pior é que todas as demonstrações de superioridade e arrogância que o tal personagem materializa em forma de ironia esta virando modinha, e infelizmente, acredito que não seja por conta do conhecimento superior desse grupão que se intitula NERD.
O meu medo é que prosseguindo, essa onda “pseudonerd” que provavelmente não conhecem nem “Uma Breve História do Tempo e O Universo numa Casca de Noz”, o mundo vire uma horta de arrogantes vestidos com camisetas coloridas dos Vingadores e calças quadriculadas, que saíram do ensino médio sem ler um único livro científico e que tem a faculdade custeada pela mamãe, ou ganha bolsas na Universidade somente pra comprar aqueles bonequinhos supercaros. Stephen Hawking o dono de uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo, um gênio de verdade, deve sentir vergonha de ver um cara como Sheldon sendo considerado ícone de uma geração que se acha NERD. E eu alguém que tem muita noção que não sou um NERD, pois ainda me falta muita dedicação e esforço, não sinto absolutamente nada ao ser comparado com alguém assim, nada mesmo. Aliás, sinto pena de vocês.

sábado, 11 de julho de 2015

PERGUNTO-ME POR QUAIS CAMINHOS CHEGAMOS ONDE ESTAMOS?

Gosto de achar que as pessoas se surpreendem com o que escrevo, e isso não é necessariamente verdade, eu disse que gosto de achar, e não que de fato elas se surpreendem. Contudo, sempre me esforço pra escrever algo desafiador, fico imaginado escrever algo que lhes façam pensar, gostaria de poder escrever palavras tão desafiantes que seriam capazes de cortar seus olhos e sua mente como a lâmina de uma faca. Então decidi afirmar, mesmo que doa em todos, que nossa geração decididamente é aquela que Platão dizia fazer morada em uma caverna. A nossa relação com a vida atual, diferentemente das gerações passadas, vive sem escolha, iludidos e compelidos a saborear apenas sombras, sombras deixadas aqui pela tecnologia e seus tentáculos modernos de aprisionamento.
Durante muito tempo achávamos que a televisão era a prisão ideológica imaginada pelo filósofo, mas quando era só ela podia-se optar por assistir ou não a TV, e mesmo fazendo essa opção, nossas cabeças estavam erguidas, hoje não temos escolha de "não integrar-se à vida digital". Desde nossas contas no banco, médico, cinema, compras, relações afetivas, quase tudo se dá no mundo digital, e logo isso tudo será exclusivamente feito online, o que significa que quem não está na rede se encontra excluído de dimensões sociais essenciais na vida.  É uma Geração de Cabeça Baixa.
O ser de Cabeça Baixa passar a semana planejando com a ponta dos dedos ir a uma festa, lá os planos é encontrar seus sonhos de intensificação afetiva e curtir boas horas com seus amigos, mas tão logo ele chega na festa, você o notará, por diversos momentos, ele entre alguns jovens, que na maior parte dos momentos, também e assim como ele estão de cabeça baixa, olhando para um artefato tecnológico na palma de sua mão que os poupa da sensação de falta de controle de suas vidas, mas a vida real, do momento presente, da pele, do cheiro, do olhar nos olhos, dos abraços demorados e risos eufóricos.
Somos seres aleijados socialmente. É só olhar ao redor, num bar, numa reunião familiar, na Universidade, ou mesmo na intimidade do casal, o smartphone parece uma extensão do corpo do usuário ao qual ele precisa recorrer em intervalos controlados de tempo. É um aleijado e sua prótese é o aparelho responsável por sua conexão com o mundo das sombras. Essa prótese passa a fazer parte da sua constituição física e emocional e vira o responsável nas correlações, com o outro e com a realidade.
O resultado disso é que passamos do meio ao fim sem intensidade alguma. Contudo, não confunda intensidade com profundidade, a profundidade aqui pode concomitantemente significar que estamos ainda mais atolados nas sombras da tecnologia. Nesse caso sigamos o que diz o tal Nietzsche: “Quem observou o mundo em profundidade, percebe quanta sabedoria existe no fato de os homens serem superficiais” (Além do Bem e do Mal, §59).
A superficialidade em ser capaz de enxergar o óbvio e nos questionar por quais caminhos chegamos onde estamos? Quais forças foram as responsáveis pelo retorno a essa caverna? Estamos agora em um terreno difícil de sair, criamos esse atoleiro social, fugimos de nós mesmos e encontramos em um caminho diferente espaços de viver e de se expressar, ou da falta de.
Posso afirmar que sou um “Cabeça Baixa”, mas quero usar meu campo de expressão, pra criar as contingências onde o encontro acontecerá e o que devo fazer pra deixar de ser assim, e principalmente sem me tornar primitivo ao ponto de descartar a importância da tecnologia. Quero deixar de ser passivo, deixar de ser buraco negro que nunca para de engolir matéria sem selecioná-la. Não quero mais ser levados como “folhas ao vento”, basta de ser paradigma da servidão humana. Isso é algo de mim que não sabia. E você vai fazer o que?

Surpreendeu-se? Não? Lógico que não, seu “Cabeça Baixa”. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

PRA SER MELHOR É PRECISO SER PIOR!

Imagem meramente ilustrativa
Estive pensando em reciprocidade, em complacência, tolerância, transigência. Sobre o discurso e pratica o que pra alguns ainda é uma distância infinita, um abismo sem fim. Contudo, quero observar um aspecto que é mais importante, a disposição do espírito ao fazer ceder aos sentimentos, aos desejos de alguém. Atitude de uma pessoa que concorda com alguma coisa fazendo sentir que poderia recusar.
A maioria do que se fala é imbricado de hipocrisia. Os atos nunca condizem com o discurso, é o eterno problema da teoria versus prática. E a facilidade é sem dúvida o fiel da balança, falar é mais fácil do que fazer. Então vamos à pergunta que não quer calar: “Você é quem é ou o que diz que é?”.
Mas para isso é preciso entender um principio basilar de distinção entre esses dois aspectos. É imperativo investigar as condições que fazem você ser o que diz ser, e aquilo que determina “o que” você de fato é. Pode-se dizer, por exemplo, que a gasolina, é inflamável. Significa afirmar que ela possui potencial para pegar fogo, porém é preciso pelo menos uma faísca para que a potência se torne realidade de fato. E de fato você precisa ser uma pessoa que pode falar sem medo o que pensa, falar tudo, ser capaz de vociferar a verdade na cara de quem quer que seja, dizer tudo que acredita. E esperar que alguém faça o mesmo com você.
Mas é óbvio que agir assim vai gerar muitas vezes desconforto na maioria acomodada e hipócrita. Mas denunciar toda a falta de sentido da vida dos que se prestam somente a ouvidos deve ser a meta de quem se propõe a não ser somente mais um na multidão. Reciprocidade, complacência, tolerância e transigência não são fáceis de se praticar, é preciso coragem e uma dose de loucura. Peter Sloterdijk disse: “Numa cultura em que os idealismos empedernidos fazem da mentira a forma de vida, o processo da verdade depende da existência de pessoas suficientemente agressivas e livres (‘descaradas’) para dizer a verdade” (Crítica da Razão Cínica, p. 155).
Vamos ser descarados, agressivos sim, chega de tolhi nós mesmos, ter atitude, disposição de espírito pra reduzir o abismo entre a teoria e a prática. Ter paz entrevado, paralítico não é salutar, não é profícuo. Nossas atitudes precisam reverberar para além de nosso tempo. Precisamos sentir e viver a vida de uma maneira que possamos deixar o epidérmico, o superficial e fugir da hipocrisia.
O problema é que ainda hoje propagam-se idealismos empedernidos, cheios de hipocrisia e medo do conflito teórico, e nada disso ajuda pra nos tornarmos melhores, porque pra ser melhor é preciso ser pior!