A
maioria de nós quando resolveu sair da zona de conforto e lutar, tinha bem
delimitados os motivos pelos quais fazíamos isso. Era tão claro a necessidade
de nossa luta para construir uma Universidade Forte. Então, fomos à luta, demos
a cara a tapa, desafiamos os acomodados e expomos os que em larga medida sempre
se beneficiaram do estado falido no qual se encontra a UEAP. Fomos por vezes metódicos
como o sistema exigiu. Criamos uma pauta de luta, pontos dessa pauta, inúmeros pontos,
e um a um eles receberam a promessa de solução. Nesse momento, recuamos, não queríamos
passar por intransigentes ou radicais. Foi o nosso erro.
O
tempo passou, as intensas atividades acadêmicas nos consomem e nossa luta foi
esquecida. Vejam o caso das melhorias estruturais exigidas pelo Campus 2: Nada
foi feito, aliás, nada não. Para tentar resolver o problema de acessibilidade,
a administração da Universidade tirou os alunos com limitações físicas que
estudavam no piso superior e os transferiu para o térreo, é a lógica da UEAP, melhor
evitar que usem a escada, assim evitam serem carregados nos braços por outros
colegas, assim ninguém vê, e se ninguém vê, ninguém fala. Apesar de cretino o
plano, devo concordar que funcionou, os que outrora vociferavam autonomia hoje
são coniventes. Foi proposto o aluguel de um novo prédio, maior, novo, com
especial atenção à acessibilidade, levaram ao CONSU, precisavam de respaldo para
dobrar o gasto com aluguel, foi aprovado, e prédio não foi alugado. Não foi e
nem vai. Porque se fosse para ser já teria sido.
Querem
me chamar de intransigente e de radical, pois chamem, sou mesmo. Não tenho tolerância
pra canhalhas e mentirosos. A situação exige sim que sejamos radicais na luta
por uma educação pública gratuita e de qualidade. O que foi feito para melhorar
o acervo bibliográfico da universidade? E para garantir acessibilidade? Os Laboratórios
de Designer? Os instrumentos do curso de música? O Restaurante Universitário?
Os auxílios? Enfim... nada foi feito. Nesse ponto peço desculpa pela falha.
Talvez alguns esperassem mais de mim. Eu mesmo esperava mais de mim. Todos sabem
que eu tenho uma necessidade básica, tão importante quanto respirar: de lutar.
Mas parei, me enganei com quem não achava que me enganaria. Mas o tempo para
exigir as melhorias ainda é agora. Então façamos isso.
Vamos
lutar pelo que é necessário, por aquilo que vale a pena lutar, por aquilo que
se tem retorno. Nunca se luta em vão. Se você acha que não há motivos, então
luta para pelo menos poder dizer: EU LUTEI! Tem uma frase que diz “certamente
nem todos que lutam vencem, mas é certo que todos que venceram foi porque
lutaram”. Nossa causa é justa, a educação é a base que sustenta a sociedade, é
o ponto de partida para um novo Brasil, onde homens e mulheres poderão viver de
forma digna e igual, uma hora venceremos. Vamos aderir a luta e pressionar o
governo e a reitoria a cumprir a pauta de reivindicações.
Chega
de silêncio, vamos gritar, gritar até incomodar a cúpula administrativa para
que saiam de seus gabinetes e percebam que Universidade é construída na luta.
Não vamos nos curvar e submeter nossa luta segundo os critérios de quem nunca precisou
lutar por nada. Não mais vamos nos deixar enganar pelo falso discurso de
autonomia por autonomia, se não está certo que tenha intervenção sim, ainda que
a intervenção seja nossa. “Paz sem voz não é paz é medo”, e medo eu não tenho e
espero que meus companheiros de luta também não, afinal porque lutamos tanto?