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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PORQUE DARIA CERTO ESPERANDO?

Às vezes, quando posso, observo os raios do crepúsculo da janela de minha casa. Este cheiro de pôr-do-sol me faz saborear o doce veneno do saudosismo. Lembro-me quando sentava em um velho sofá branco que ficava na frente da casa de minha mãe. Naquele canto, por um instante eu pensava um pouco a minha vida e na vida de tantos outros que como eu sente o dia terminar e espera que outro logo chegue, mas para mim, de algum modo, era um tempo de ansiedade. 

Hoje enquanto me embriago com o cansaço de mais um dia corrido, penso que com o passar dos anos as nossas prioridades vão-se alterando. Com o passar da idade nossas preocupações são respectivamente alteradas, primeiro com a escola, depois com a escolha da faculdade, os primeiros amores, o primeiro emprego, as primeiras contas para pagar, um não tão possível casamento, os filhos, a primeira casa, enfim… Mas porque tudo isso? A sensação de que vivemos sempre a espera do final de uma etapa é de fato necessário? Não sei!

Só sei que assim como eu, muitas pessoas têm a cabeça cheia de preocupações. Outras cheias de alegria estampada no rosto. Outras ansiosas. Outras tantas cheias de sonhos e planos… Enfim cada um tem as suas naturais particularidades, tristezas, alegrias, sonhos, frustrações, amor, ódio e etc. 

A única coisa que nunca mudou ao longo do percurso foi meu nível de paciência. Quando parece que tenho tudo para ser feliz, mesmo assim continuo sentindo um vazio e percebo que apenas tive fugazes momentos de felicidade. Quantas vezes desisti porque pensei já não ter tempo ou paciência. Bem que poderia vender paciência no supermercado né, ou sei lá, na farmácia. Seria tão mais fácil dosar a paciência para cada momento, para cada sentimento. Frustrar-me-ia bem menos no trabalho, até em casa, e talvez a minha tão sonhada tranquilidade que para mim significa felicidade viesse mais frequentemente me visitar.

Quando percebi que a felicidade é escolha de nossas prioridades, já sentia a presença de um vazio que me consumia por dentro, e não é fácil recomeçar, então ficar à espera que tudo se recomponha pode ser uma saída, como se o tempo fosse o responsável por todas as obras, porém, se não deu certo tentando porque daria certo esperando?

Já passei muito tempo correndo atrás de gotas de chuva, mas hoje vou regar o jardim da minha felicidade com meu próprio sangue se for necessário. Contudo não se trata de um ato de loucura, lucidez ou coragem, é somente certeza que esse jardim é a minha vida, sem ele sim sou vazio. 

O dia já se foi, olho lá para fora e não vejo mais o sol escondendo-se atrás das árvores, mas sei que ele está lá, em algum lugar. Também não sei como vai ser o dia de amanhã, eu ainda tenho medo do novo, não obstante, o novo já me é mais aprazível do que da ultima vez que sentei nesse sofá.

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