Há
algum tempo conheci por intermédio de um grande amigo, um autor que a primeira
luz do conhecimento me pareceu muito prolixo e hermético. Meu orgulho mais
latente me impediu de abandonar a leitura logo nas primeiras páginas, ainda
bem, não demorou e fiquei impressionado com proposição na inversão da relação de
desvendamento das aparências do saber, era um jogo complexo demais de imaginários
simbólicos, quase um entrave inconsciente. Descobri depois que Bachelard foi um
filósofo e poeta francês que estudou sucessivamente as ciências e a filosofia.
Acho que essa mistura de poesia, literatura e filosofia é sempre algo surpreendente.
Na
obra A psicanálise do fogo, Bachelard caracteriza algumas imagens simbólicas que
são indicadas como complexos imaginários, chamados de “Complexo de Novalis” e o
“Complexo de Empédocles”, os dois fazem relação ao elemento fogo, outro ponto
de proficuidade conhecida quando o assunto é criar filosofia, que diga
Heráclito e o devir.
Se
me permitem dizer, a tradição mais mecânica do pensamento filosófico brasileiro
que sempre criou seus alicerces no privilégio de olhares dos seus titulados
sobre os demais e meros mortais, fez sua escolha pela análise de cópias e interpretações
repetidas da filosofia. Quando na verdade deveriam seguir o que GASTON
BACHELARD brilhantemente indica, que é uma imaginação que se alimenta da
vontade transformadora até mesmo da matéria. A imaginação imaterial é mais
verdadeira filosoficamente, porque age em conformidade com a vontade inerente
do homem de criar.
Hoje
quando já estou iniciado na ciência jônica, me deparo com os defensores da
filosofia politicamente correta, esse formalismo negligencia os aspectos
materiais da vontade humana, corrobora com a repetição de filosofias epidérmicas
da contemplação ociosa e subserviente. Nietzsche no preâmbulo de uma de suas
obras mais brilhantes “o anticristo” diz que seu livro é destinado aos homens e
mulheres mais raros e que não deve se misturar aos que se prestam somente a
escutar, hoje todo de assalto sua frase e digo que a filosofia não deve se
misturar aos subservientes de ouvidos em pé, e que a filosofia deve ser
destinada aos mais raros sim.
E
aos defensores da filosofia politicamente correta, poderia dizer que sinto
pena, pois parece que vocês não tem talento filosófico nenhum, mas não vou
dizer isso, só irei esperar que o fogo consumidor, transformador, rebelde e incerto
da filosofia ainda possa tocar essas mentes rasas.
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