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terça-feira, 12 de maio de 2015

CANALHA É CARACTERÍSTICA DE UM PROCEDIMENTO

Canalha! 

Sempre que alguém fala assim, parece uma grande ofensa, mas para mim, entendo que canalha é um conceito formal da filosofia moral. Se partirmos de um pressuposto que a ética é uma atividade da inteligência coletiva a serviço do aperfeiçoamento da vida em sociedade, será o mesmo que afirmar estarmos concomitantemente tentando encontrar soluções mais sensatas de convivência diante do eterno movimento de situações sempre novas e que sempre vão exigir de todos um constante pensamento racional sobre o comportamento dito ético.

Se concordássemos que ética ou mesmo a moral é um procedimento pré-concebido estaríamos fadado ao erro imediato, dado o fato que sempre teremos que enfrentar uma chuva de novas situações que um ideal único nunca conseguiria circunscrever. Nesse bojo de entendimento a ética é pensar vivo e eterno em busca do pacto moral da relação de convivência coletiva. 

Mas será que a ética é em algum momento um problema? Quando nossos planos andam lado a lado com o que se espera de nós não que se falar em problema ético. Contudo, quando nossos planos, nossos desejos comprometem a convivência pacífica a ética vira nosso objeto e a saída.

Canalha é característica de um procedimento, afirmar que alguém é canalha implicaria em aceitar que esse alguém é canalha do nascimento até o túmulo, e isso é pouco possível. Só o comportamento é canalha, e só é quando seu agente tem consciência que sua atitude compromete a convivência coletiva, e ainda assim, mesmo com essa consciência ele não hesita em agir. O canalha agi propositadamente, deliberadamente, conscientemente de que é canalha. 

A vida dita eticamente acertada é a vitória da convivência pacífica sobre a canalhice, é a vitória do empenho geral sobre ambições particulares que pretendem feri-la. Uma sociedade pretensamente preparada para o viver ético deve estar antes de tudo organizada para enfrentar o egoísmo do canalha.

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