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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

SIM SOU DE ESQUERDA E DEFENDO O SOCIALISMO

No dia 26 de junho, a internet se uniu para comemorar a legalização do casamento gay em todo território dos Estados Unidos, e o Facebook lançou uma ferramenta para aqueles que apoiam a causa pudessem colocar as cores da bandeira do movimento LGBT em suas fotos de perfil. E eu que sempre defendi tudo que fosse de conquista por aqueles que sempre sofreram com a opressão da sociedade racista, machista, homofóbica e elitista, óbvio que não poderia ficar de fora e colori minha foto do perfil. Logo percebi o apoio de muitas pessoas que gosto e admiro. Contudo, percebi comentários machistas de alguns e de desapoio de outros porque supostamente eles preferem se unir pelo fim da fome na África, digo supostamente, porque o engraçado é que nunca vi ninguém falando sobre isso até as fotos ficarem coloridas. 

O que quero compartilhar com vocês é uma indagação que me fizeram do por que as fotos foram revertidas e tiraram os arco-íris, questionando se luta da causa LGBT teria terminado. Mas queridos senhores da hipocrisia, sinto informá-los que não, a luta não acabou. E que colorir a foto do perfil na maior rede social do mundo, foi apenas um momento de luta, e que colorir as fotos nunca foi à única forma de apoio. E aos esperançosos que correram pra questionar minha condição sexual, devo novamente decepcioná-los e dizer que sou heterossexual, e que isso nunca vai me impedir de defender pessoas que sofrem simplesmente por terem sua condição sexual diferente. Sou declaradamente de esquerda, e ser de esquerda é ser aquele que é contra o preconceito, que é contra as desigualdades e que é contra deixar do jeito que tá, e isso têm um custo pessoal e social, como disse, estamos imersos em uma sociedade racista, machista, homofóbica e elitista, e ser de esquerda é ser contra esse modelo, e ser contra é pontualmente apoiar os mais atingidos por esse sistema perverso chamado de capitalismo.

Sim sou de esquerda e defendo o socialismo, mas, antes que me mandem para Cuba, ou para a Coreia do Norte, devo pedir que refletissem no tamanho da incoerência desse argumento, sou de esquerda sim, mas desprezo qualquer forma de ditadura e tirania como modelo político. Seria o mesmo que se você que é declaradamente capitalista e de direita fosse mandado pra Alemanha de Hitler, ou pro Afeganistão de Saddam Hussein, já que a Alemanha e Iraque eram e são países de economia capitalista. Então superemos os argumentos chulos e vamos aos fatos.

Ser de esquerda é antes de tudo entender que o mundo é injusto, e que os bens, as terras e a comida não são distribuídos de forma justa entre as pessoas. E que a forma de distribuição não pode ser a meritocracia burguesa, ser de esquerda é acreditar que um mundo justo não é aquele onde tentamos dar às pessoas aquilo que julgamos que elas merecem, e sim aquilo que elas, todas elas, precisam. Devemos distribuir a todos conforme sua necessidade. Isso significa, de cara, que todo mundo tem que ter o que comer, onde morar, água para beber e roupas para vestir – pois isso são necessidades humanas universais. Nossa sociedade deve ser organizada a fim de garantir que todos tenham isso, antes de qualquer coisa, e, principalmente, independente de mérito. 

Ah, e antes que também me mandem doar meu salário pra todos, devo novamente pedir que esqueçam os argumentos toscos e lembrem-se que o mundo em que vivemos hoje é regido por ideologias de direita. Ser de esquerda, portanto, é uma reflexão sobre como o mundo poderia ser – mas não é. Mesmo sendo de esquerda, vivo no capitalismo e, portanto, tenho que viver sob suas regras e consumir seus produtos, pois não há outros e deixar claro que o dever de garantir tudo igual a todos é o Estado e não o trabalhador assalariado. 

Portanto podemos concluir que a pessoa de esquerda não é conservadora, ou seja, não quer conservar o mundo do jeito que é, mas sim transformá-la em algo mais justo. E só porque tenho um iphone (e eu nem tenho) que meus ideais de esquerda sejam questionáveis, não é porque eu não queira morar em Cuba que meu ideário político é capitalista, e não é porque minha foto do perfil no facebook deixou de estar colorida que parei de lutar por igualdade de gênero. Isso é apenas meu jeito que exerço meu direito de viver aqui ensejando revolucionar o máximo que puder, enquanto puder e que esses temas são assuntos complexos demais e não podem ser reduzido à simplicidade das emoções.

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