Pesquisar

segunda-feira, 31 de março de 2014

#NãoMereçoSerEstuprada

“Pesquisa aponta que 65,1% dos ENTREVISTADOS pensam que uma mulher usando roupas provocantes merece ser estuprada". 

Escolhi a caixa-alta para destacar meu desejo de que só os “ENTREVISTADOS” sejam tão idiotas ao ponto de defenderem isso de que o estupro é culpa da vitima. 

A pesquisa entrevistou 3.810 pessoas, o que é pouco em um país de 200 milhões de habitantes. Mas na realidade o Brasil trata sua mulher como ‘objeto’, como uma ‘coisa’, a maioria adora apresentar suas companheiras com “MINHA” namorada, “MINHA” esposa, “MINHA” noiva. O homem toma a mulher para si como quem compra um carro, um sapado, um celular ou como nós gostamos de falar como um “AVIÃO”. Vemos um mercado de mulheres que fazem sucesso porque tem um corpão, segundo os padrões de beleza atuais. Ela aparece de biquini na televisão, tira fotos “sensuais”, usa roupas curtas e “provocantes”, mas isso não dá o direito de ninguém querer estuprá-las. O homem não deve ser igualado a um animal irracional movido por instintos. O homem que viola e fere gravemente uma mulher é sim um animal, mas um animal racional que só o faz por ser estúpido, doente, e como tal deve ser aprisionado e isolado do convívio social. 

Hoje vejo com muito medo surgir à ideia de que o homem deve insistir e insistir, enquanto a mulher tenta guardar algo, Parece que não é suficiente, como não é suficiente quando uma mulher vira o rosto para evitar o beijo do desconhecido na balada. O “não” é visto como “talvez”. No entanto, se a mulher transforma o talvez em um “deixa pra lá”, ela na verdade não está consentindo. Não é um “sim” entusiasmado, intenso, certeiro, como deve ser em qualquer relação. Isso não é consentimento, é coerção, é estupro. O pior é que esses caras não se veem como agressores, uma vez que todo mundo encara tais comportamentos como “normais”, “estes animais acreditam piamente que “não” significa “insista”, e nunca se veem como estupradores, apesar de admitirem o padrão de ignorar e suprimir a resistência verbal e física”.

Outra coisa que me incomoda nisso tudo é de uma construção cultural nojenta, destrutiva, que encoraja as mulheres a culparem a vítima, a se odiarem, a se culparem, a se responsabilizarem pelo comportamento criminoso dos outros, a temerem seus próprios desejos e a desconfiarem dos seus próprios instintos. 

A mulher e unicamente a mulher é dona de seu corpo, ninguém, ninguém pode tocá-lo sem consentimento, e a mulher, mas principalmente os homens devem entender e respeitar isso. Aos que não respeitarem que as leis sejam graves e duras. 

Sexo deve ser algo prazeroso e consensual. Qualquer coisa fora disso é agressão é estupro e nunca deve ser justificado ou aceito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário