Um
dos valores mais importantes da história do homem é a capacidade de atribuir
critério ao mundo, entenda antes que, o que chamo aqui de valor são exatamente
os critérios escolhidos para viver, somos seres contingencias, e constantemente
nos deparamos com várias vidas, várias possibilidades, e para encontrar a melhor
precisamos de critérios, precisamos atribuir valor. Nesse caso, é claro que
dependendo do critério que você utilize seus valores mudam. O problema seria
então decidir qual o melhor critério, quais os valores mais adequados?
Alguém
pode pressupor que os critérios que visem à felicidade seriam os mais
adequados, e de fato isso seria uma resposta, contudo o que nos torna feliz é
uma variável dependente das inclinações individuais, e nisso, reside outro
problema. O que poderá fazer todos felizes? Sei que a felicidade não é um
estado contínuo, felicidade é uma ocorrência eventual, a felicidade é
episódica, se a felicidade fosse marcada pela perenidade não a sentiríamos
chegar, a carência torna a felicidade eficaz. Mas isso não responde a pergunta,
ainda teríamos a escolha de critérios que buscassem a felicidades de todos.
Nessa
atribuição de critérios, obviamente uns valeriam mais e outros menos, criando
uma relação de poder, e perceba, só existe relação de poder porque enquanto
humanos, somos no plural, se fosse o contrário não existiria poder.
De
posse dessas multitude e da autonomia de cada ser vivente, e tendo ainda de viver em harmonia com os demais, ainda que minimamente, poderia até
concordar que o estabelecimento do poder é necessário. Ainda que seja para a
organização desta harmonia ou mesmo como um risco para a mesma.
Nesse
sentido, a convivência gera conflito, conflito enquanto divergência entre
tantos aspectos vivendo na mesma sociedade. O conflito é parte inerente do
mundo, e é diferente de confronto, confronto é a tentativa de anular o
outro ponto divergente de você. De um ponto de vista mais divisório, o
conflito é positivo quando ele leva a melhoria da condição de existência e a
diminuição das dores de existir, e o confronto é sempre negativo. Sendo
minimalista, diria: "o conflito busca convencer, o confronto busca
vencer". Apesar se recorrente, diria ainda: "o conflito em nenhum momento deve se
tornar confronto, porque no confronto há perda e no conflito há mudança".
Nessa
construção dialética da história, o conflito entre os que detêm o poder e os que
são submetidos a ele podem em partes criar uma síntese benéfica para a
harmonia. Essa dialética entre o novo e o velho, a mudança progride e avança
sobrepondo barreiras ditas necessárias, o que não pode é o novo que já vem
contido no anterior, e carrega consigo as mesmas primícias do velho porque é
assim que avançamos e crescemos.
Só
vale deixar claro que “Avanço” e “crescimento” são palavras neutras, e não
necessariamente boas. Ora, o câncer também avança as mortes no trânsito também
crescem. Com isso percebemos que uma mudança de estado nem sempre é benéfica,
há de se observar em que sentido progride tal mudança.
Agora
atenção, um poder que se serve em detrimento de servir de fato não serve pra
nada. A tarefa do poder é servir e não ser servida. O poder servindo-se do
poder é que transforma os conflitos em confrontos.
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