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quarta-feira, 3 de junho de 2015

MELHOR MANEIRA DE SE SENTIR POTENCIALMENTE NO MÁXIMO

Imagem meramente ilustrativa
Sempre amei esporte, é uma coisa que me entende, que me consola, sempre quis ser jogador de futebol, e dentro das minhas limitações de talento e de oportunidade de meu Estado até que consegui jogar um pouquinho. Mas além de jogador de futebol sempre sonhei em ser lutador, primeiro de boxe, depois de judô, e mais a frente do tal MMA, sonhava também em jogar voleibol, basquete, handebol, tênis, quis ser corredor, piloto, enfim, sempre quis viver no esporte. E isso porque o esporte me transforma, mais adiante percebi que a adrenalina, o extinto de competição e até mesmo a dor me faziam bem. A dor da academia, por exemplo, durante um tempo foi quem me salvou de tudo e todos, “sentir dor” era o meu sustento, digamos assim. 

Hoje observo o esporte com outros olhos, tento perceber alguma relação que poderia destacar como algo para além da atividade física. Então percebi que durante a pratica em si do esporte, principalmente de alto desempenho, não se observa muito além. Contudo, quando o evento esportivo em si acaba, é que podemos dizer mais sobre os seres humanos envolvidos ali. 

Quando acaba uma partida de futebol, ou de tênis os jogadores mal se falam, trocam apertos de mão ainda cintilando todo ódio pela perda. Já no MMA, após socarem-se, chutarem-se, e saírem inchados e sangrando, eles se abraçam efusivos. Percebi que há afeto naquele abraço, reconhecimento - quase sempre - do talento e da coragem do adversário. Entre duas pessoas que se enfrentam fisicamente, após o máximo de tensão e raiva, surge à admiração, o respeito, brota até a amizade. 

O que faz esportes tidos como mais civilizados terem o ódio após a perda mais latente que em outro que tecnicamente tem por objetivo machucar fisicamente seu adversário e, portanto menos civilizados. Acho que essa resposta pode variar de caso pra caso, porém, uma coisa é clara para mim, o esporte é a transfiguração mais real de nosso desejo de sobrepujar o próximo, de se sentir vencedor, superior. Contudo, a maioria dos esportes tem por âncora o mesmo ideal, o controle de nossa animalidade. O controle do que temos de mais essencial em nós, que é levar nosso instinto de sobrevivência ao máximo.

Com o esporte eu aprendi a levar todas as minhas potencialidades ao máximo, e se após isso se não conseguia a vitória, a frustração não ocorria, pois sabia que tinha feito o meu melhor, e isso basta. Sei que toda essa demonstração de suposta civilidade anterior a derrota é sempre ferozmente perdida com o ódio do final, ou seja, é todo um processo pelo qual a barbárie é superada e a civilização se constitui paulatinamente. Nietzsche diria que toda essa sociabilização do homem seria um processo violento e cruel. O movimento inicial da domesticação que é uma obtenção da capacidade de fazer promessas. No caso, a promessa de satisfação pela civilidade, mas, que como já vimos é abandonada logo após a derrota inesperada.

Então, se for fazer uma promessa, faça a de ser sempre você mesmo, e assim, a questão seria, então, colocada da seguinte maneira: No esporte e na vida em si, não podemos abandonar o que é mais essencial em nós, ou seja, nós mesmos. Essencial em mim é o que me faz satisfatoriamente como eu sou. E ainda que isso pareça por vezes pouco sociável ou civilizado é a melhor maneira de se sentir potencialmente no máximo.

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