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terça-feira, 13 de outubro de 2015

COMO SABER SE VOCÊ SABE FAZER AQUILO QUE PRECISO QUE VOCÊ SAIBA FAZER?

Como saber se você sabe fazer aquilo que diz saber fazer? Essa pergunta deve ter feito e faz parte de toda a história da educação, como saber se você sabe fazer aquilo que preciso que você saiba fazer? Isso é de fato a grande questão da educação. O problema foi que o simples examinar se o conhecimento ensinado tem alcançado sucesso fez a educação se preocupar mais em calcular supostos índices de aprovação do que em de fato avaliar. Mas existe diferença entre examinar e avaliar? Eu mesmo só percebi essa diferença entre Avaliar e Examinar ao assistir a conferência proferida pelo Professor Cipriano Carlos Luckesi, um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Para ele: 
A maioria das escolas promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende. 

Sempre acreditei que ser professor vai além de ensinar, é saber viver, conviver, respeitar o próximo e aprender com ele. É um compromisso consigo mesmo. É na generosidade, poder disseminar conhecimento. Ser professor é legado e também uma missão cotidiana, para mim e segundo entendi para o professor Luckesi também, o professor quando se limita apenas a ser o aplicador de exames, que se regozija na reprovação do aluno não percebe o quanto errado ele próprio está sendo. 

Professor deveria ser uma maneira significativa de contribuir para o bem estar social. Além de ser uma forma de fazer com que o nosso conhecimento seja utilizado como instrumento de transformação da sociedade para melhor. Hoje alguns colegas se valem do titulo de professor e transformam o momento de avaliação dos saberes em um processo disciplinador através da coação, com o único objetivo de criarem obediência dos seus alunos. Uma vez ouvi uma professora dizer que “Não há soberania entre professor e aluno. Ser professor é ter o privilégio de poder trocar conhecimento com o seu próximo.” Infelizmente nem todos pensam assim, agora, se isso já é ruim para a educação de um modo geral quando parte do professor da educação básica, e das disciplinas mais ortodoxas, o cenário fica ainda pior se é o comportamento típico de um professor do Ensino Superior e do curso de filosofia. 

A filosofia é, sobretudo, acreditar piamente na capacidade humana de compreender a realidade e apostar a vida nessa crença. O ápice da razão começa com um ato de fé. Hegel já dizia isso: sem a fé no poder do espírito, nada de investigação filosófica. O agente inserido na filosofia discente ou, sobretudo o docente deveria saber que a filosofia é uma imaginação que se alimenta da vontade transformadora até mesmo da matéria. A imaginação imaterial é mais verdadeira filosoficamente, porque age em conformidade com a vontade inerente do homem de criar de mudar. Mas na prática, e principalmente na minha realidade, meus professores do curso de filosofia só servem de instrumento de inserção dos sujeitos nos valores e crenças dominantes. Se me permitem dizer, a tradição mais mecânica do pensamento filosófico na Universidade do Estado do Amapá - UEAP tenta criar seus alicerces no privilégio de olhares dos seus titulados sobre os demais e meros mortais, fazendo sempre a escolha pela análise de cópias e interpretações repetidas da filosofia, e punindo sem piedade os que se atrevem a questionar o método retrógrado de exames.

Em uma simples observação do comportamento de nossos professores percebemos os mesmos erros elencados pelo professor Luckesi, o simples “examinar classificatório e seletivo” com o claro objetivo “que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos”. Em detrimento de algo que nos é basilarmente ensinado, “a atitude filosófica”. No colegiado de filosofia da UEAP hoje, no geral, o que se vê é empulhação ideológica mais rasteira dominando o cenário, Mestre e doutores só se ocupam de espalhar entre os acadêmicos a confusão e a obscuridade de suas almas toscas, e compensam sua miséria interior mediante uma participação exibicionista e reprovações em massa.

Via de regra, os professores do colegiado de filosofia da UEAP estão ajudando nossos graduandos a sufocar suas percepções autênticas sob um discurso pseudo-intelectual ancorado em um joguinho rasteiro de linguagem e de paradoxos semânticos, que nada mais é que o reflexo de suas almas limitadas e pequenas. Agem como sacerdotes do conhecimento simplesmente pela ostentação de seus títulos. Só lhes fogem que mesmo com toda titulação foram incapazes de se firmarem em grandes centros educacionais. 

Por fim, queria dizer aos pseudo-arautos do conhecimento que sua obrigação como professores que são, é ensinar e não apenas dar aula, e se reprovam seus alunos é em alguma medida a emissão do atestado que não são incapazes de ensinar e para incompetentes punir inocentes é mais fácil. Examinar só para depois reprovar é a confirmação que Sponville diz quando fala que “alguns são profissionais ou professores de filosofia sem que por isso sejam filósofos, e azar deles”. Aos poucos que figuram como exceção a essa regra cretina e que de fato querem avaliar seus alunos, digo que sigam o que diz o professor Luckesi e vejam que sim existe um caminho:
Há dois aspectos a considerar. Um é que o professor precisa estar honestamente comprometido com o que acredita, e isso é uma atitude subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é psicológico e exige autotrabalho para não deixar que questões pessoais interfiram nas profissionais. Evitar a subjetividade, nesse sentido, tem a ver com cuidar de si mesmo e do cumprimento de seus compromissos.

Seguindo isso, já teremos um passo à frente do modelo atrasado, perverso e subversivo do atual sistema de cretinice escondido nas reprovações injustificadas. Aos meus pares graduandos, digo que não nos permitam intimidar, na Universidade não há lugar para covardes que se valem de sua posição para prejudicar estudantes, vamos nos unir e mostrar que essa universidade já existia antes dos recém-chegados e vai continuar existindo depois de sua partida.

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