Como saber se você sabe fazer aquilo que diz saber fazer? Essa pergunta
deve ter feito e faz parte de toda a história da educação, como saber se você
sabe fazer aquilo que preciso que você saiba fazer? Isso é de fato a grande
questão da educação. O problema foi que o simples examinar se o conhecimento
ensinado tem alcançado sucesso fez a educação se preocupar mais em calcular
supostos índices de aprovação do que em de fato avaliar. Mas existe diferença
entre examinar e avaliar? Eu mesmo só percebi essa diferença entre Avaliar e
Examinar ao assistir a conferência proferida pelo Professor Cipriano Carlos
Luckesi, um dos nomes de referência em avaliação da aprendizagem escolar,
assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Para ele:
A maioria das escolas
promove exames, que não são uma prática de avaliação. O ato de examinar é
classificatório e seletivo. A avaliação, ao contrário, diagnóstica e inclusiva.
Hoje aplicamos instrumentos de qualidade duvidosa: corrigimos provas e contamos
os pontos para concluir se o aluno será aprovado ou reprovado. O processo foi
concebido para que alguns estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do
ponto de vista político-pedagógico, é uma tradição antidemocrática e
autoritária, porque centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não
em quem aprende.
Sempre acreditei que ser professor vai além de ensinar, é saber viver,
conviver, respeitar o próximo e aprender com ele. É um compromisso consigo
mesmo. É na generosidade, poder disseminar conhecimento. Ser professor é legado
e também uma missão cotidiana, para mim e segundo entendi para o professor
Luckesi também, o professor quando se limita apenas a ser o aplicador de
exames, que se regozija na reprovação do aluno não percebe o quanto errado ele
próprio está sendo.
Professor deveria ser uma maneira significativa de contribuir para o bem
estar social. Além de ser uma forma de fazer com que o nosso conhecimento seja
utilizado como instrumento de transformação da sociedade para melhor. Hoje
alguns colegas se valem do titulo de professor e transformam o momento de
avaliação dos saberes em um processo disciplinador através da coação, com o
único objetivo de criarem obediência dos seus alunos. Uma vez ouvi uma
professora dizer que “Não há soberania entre professor e aluno. Ser professor é
ter o privilégio de poder trocar conhecimento com o seu próximo.” Infelizmente
nem todos pensam assim, agora, se isso já é ruim para a educação de um modo
geral quando parte do professor da educação básica, e das disciplinas mais
ortodoxas, o cenário fica ainda pior se é o comportamento típico de um
professor do Ensino Superior e do curso de filosofia.
A filosofia é, sobretudo, acreditar piamente na capacidade humana de
compreender a realidade e apostar a vida nessa crença. O ápice da razão começa
com um ato de fé. Hegel já dizia isso: sem a fé no poder do espírito, nada de
investigação filosófica. O agente inserido na filosofia discente ou, sobretudo
o docente deveria saber que a filosofia é uma imaginação que se alimenta da
vontade transformadora até mesmo da matéria. A imaginação imaterial é mais
verdadeira filosoficamente, porque age em conformidade com a vontade inerente
do homem de criar de mudar. Mas na prática, e principalmente na minha
realidade, meus professores do curso de filosofia só servem de instrumento de
inserção dos sujeitos nos valores e crenças dominantes. Se me permitem dizer, a
tradição mais mecânica do pensamento filosófico na Universidade do Estado do
Amapá - UEAP tenta criar seus alicerces no privilégio de olhares dos seus
titulados sobre os demais e meros mortais, fazendo sempre a escolha pela
análise de cópias e interpretações repetidas da filosofia, e punindo sem
piedade os que se atrevem a questionar o método retrógrado de exames.
Em uma simples observação do comportamento de nossos professores
percebemos os mesmos erros elencados pelo professor Luckesi, o simples
“examinar classificatório e seletivo” com o claro objetivo “que alguns
estudantes sejam incluídos e outros, excluídos”. Em detrimento de algo que nos
é basilarmente ensinado, “a atitude filosófica”. No colegiado de filosofia da
UEAP hoje, no geral, o que se vê é empulhação ideológica mais rasteira
dominando o cenário, Mestre e doutores só se ocupam de espalhar entre os
acadêmicos a confusão e a obscuridade de suas almas toscas, e compensam sua
miséria interior mediante uma participação exibicionista e reprovações em
massa.
Via de regra, os professores do colegiado de filosofia da UEAP estão
ajudando nossos graduandos a sufocar suas percepções autênticas sob um discurso
pseudo-intelectual ancorado em um joguinho rasteiro de linguagem e de paradoxos
semânticos, que nada mais é que o reflexo de suas almas limitadas e pequenas.
Agem como sacerdotes do conhecimento simplesmente pela ostentação de seus
títulos. Só lhes fogem que mesmo com toda titulação foram incapazes de se
firmarem em grandes centros educacionais.
Por fim, queria dizer aos pseudo-arautos do conhecimento que sua
obrigação como professores que são, é ensinar e não apenas dar aula, e se
reprovam seus alunos é em alguma medida a emissão do atestado que não são
incapazes de ensinar e para incompetentes punir inocentes é mais fácil.
Examinar só para depois reprovar é a confirmação que Sponville diz quando fala
que “alguns são profissionais ou professores de filosofia sem que por isso
sejam filósofos, e azar deles”. Aos poucos que figuram como exceção a essa
regra cretina e que de fato querem avaliar seus alunos, digo que sigam o que
diz o professor Luckesi e vejam que sim existe um caminho:
Há dois aspectos a
considerar. Um é que o professor precisa estar honestamente comprometido com o
que acredita, e isso é uma atitude subjetiva, não tem jeito. Outro aspecto é
psicológico e exige autotrabalho para não deixar que questões pessoais
interfiram nas profissionais. Evitar a subjetividade, nesse sentido, tem a ver
com cuidar de si mesmo e do cumprimento de seus compromissos.
Seguindo isso, já teremos um passo à frente do modelo atrasado, perverso
e subversivo do atual sistema de cretinice escondido nas reprovações
injustificadas. Aos meus pares graduandos, digo que não nos permitam intimidar,
na Universidade não há lugar para covardes que se valem de sua posição para
prejudicar estudantes, vamos nos unir e mostrar que essa universidade já
existia antes dos recém-chegados e vai continuar existindo depois de sua
partida.
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