Pra
quem gosta de escrever, o momento de maior satisfação é saber que tem alguém
lendo e gostando do você escreve. Mas o mais satisfatório é saber que existe
alguém que quer saber o que você escreveria sobre algo ou alguma coisa, isso é
impagável. Sobre os assuntos mais latentes do momento, escolhi não me
posicionar, e o porquê é que em alguma medida sou leigo em relações
internacionais e em consciência ambiental, logo meu julgamento estaria
comprometido. Contudo, como já disse muito me agrada saber que alguém espera
ler o que eu falaria, e, portanto, resolvi explicitar meus achismos.
O
bom de me manter só observando nesse momento foi ler quase tudo que se
apressaram em dizer, e isso que mais me assustou. Acha razoável afirmar que ao
contrário dos países da Europa, Oriente Médio, África e Estados Unidos, nós
(Brasil) não estamos em guerra, pelo menos não em uma guerra declarada, nossa
guerra é institucional, nossa guerra é entre nós mesmos. E mesmo que isso seja
tão ruim em números de violência e morte, nosso inimigo se confunde com os que
deveriam nos proteger. Nosso povo – na maioria o povo negro – é amputado aos
milhares nas áreas saqueadas pela ganância burguesa, o genocídio sofrido é
imensamente maior que os números do terror ou de crises ambientais. E isso
parece ser um caminho difícil de mudar e para alguns é até difícil de
reconhecer.
Mas
de repente um grupo extremista mata centenas de inocentes, e os distantes
residentes no mundo virtual tentam transformar sua indignação em corrente de
apoio às vitimas trocando as fotos de suas redes sociais. Foi o que bastou,
para os que não concordam com isso começarem as criticas. Uns criticando porque
em Minas tinha uma tragédia e o mundo não se importou. Outros criticam porque a
França e todos os países imperialistas seriam os próprios responsáveis pelo
terror, quando optaram em fomentar politicas perversas que massacraram o povo
mulçumano. Enfim, logo as criticas passaram pra ofensas, e fim de amizades virtuais
multiplicaram-se e coisas do tipo mostraram que a intolerância é mais comum do
que se imagina.
E,
como disse apesar de termos nossa própria guerra, o fato de não ser declarada é
nesse aspecto bom. Se vocês são incapazes de aceitar que uma pessoa mude a foto
do perfil dela, como que vocês reagiriam se estivéssemos em guerra? E sim,
devemos nos compadecer com a dor que acontece dentro de nosso país, mais isso
não pode nos cegar diante do que acontece fora. E que só porque o mundo não se
compadeceu com a nossa dor, que devemos fazer o mesmo. Principalmente porque se
você acha que nossa dor deveria ser sentida por todos, não agir com eles porque
não agiram com você é no mínimo egoísmo e mesquinho. Vamos só respeitar a dor
de quem quer que seja, e se eu escolher trocar minha foto por Mariana e não por
Paris e vice e versa, respeite isso também, são dores diferentes, mas ambas são
dores.
Pra
mim é simples, não quer mudar a foto não mude, quer demostrar apoio a Mariana e
não a Paris, faça também. Mas não queira determinar que todos façam tudo igual
a você, é esse o ponto basilar de todo regime totalitarista e extremista. Não
concordar é normal, julgar e querer se passar por superior porque pensa
diferente é de uma imbecilidade sem igual. Você, suas crenças e opiniões não
são nem nunca serão melhores que dos outros, só são diferentes. E diferente é
normal.
PS.
Mais uma coisa, não me peça pra orar por Mariana, por Paris ou por sei lá o
que, até porque não sei se oro pro Deus dos terroristas que segundo eles os
mandou matarem, ou se oro pro Deus de Mariana e de todas as vitimas que foi
omisso. Não creio que orações ajudem, até porque todo terrorista quando vai se
explodir, antes ele ora e pede ajuda. Mas se você quiser orar, ore! Mas eu
prefiro procurar uma saída para meus problemas aqui mesmo, e não deixar que
seres imaginários de fé resolvam.
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